“O seguro evita a falência, seja de empresas ou de pessoas. Foi assim que surgiu o seguro”

O setor de seguros precisa se comunicar melhor para educar seus consumidores potenciais e esclarecer aqueles que traçam as políticas públicas do mercado, afirma o economista Marcio Serôa de Araujo Coriolano, 65, presidente da CNseg, entidade que congrega as empresas seguradoras brasileiras.

“O setor precisa esclarecer melhor os fundamentos do seguro para ser mais bem compreendido, desde a formação de preços até o atendimento direto. É preciso dar um choque de informação.”

Por que ter seguro?
As pessoas precisam se proteger e proteger seus bens. Podem ser bens patrimoniais, que vão de uma usina nuclear até o seguro residencial. Ou proteger sua renda atual e o futuro da família, por meio dos seguros de vida e de previdência.

O seguro evita a falência, seja de empresas ou de pessoas. Quando digo falência, digo, por exemplo, no sentido de desestruturar a permanência de uma unidade familiar. Foi assim que surgiu o seguro. Forma-se um mútuo sabendo que um raio não cai sobre todas as cabeças ao mesmo tempo.

Então as pessoas ou as empresas se juntam para que, caso o infortúnio alcance alguém, todos possam contribuir para que esse infortúnio seja suportado. Esse é o princípio básico de todo e qualquer seguro. É para evitar que um acontecimento se abatendo sobre empresas, famílias ou pessoas provoque uma debacle.

Em cenário de crise econômica, torna-se mais necessário ter seguro?
É evidente que, quando a economia vai bem, as pessoas têm mais disponibilidade para poder gastar em seguro. Na época da crise, comprova-se a resistência do setor de seguros. Mesmo em momentos de crise, as pessoas procuram se precaver. Isso explica por que, apesar de a produção de riqueza estar caindo, o mercado de seguro ainda tem uma curva ascendente.

Que tipo de esclarecimento deve ser feito na campanha Educação em Seguros que o sr. está propondo?
Ainda há muita responsabilidade por transparência de nossa parte, mercado ofertante de seguros. Muita dificuldade de comunicação. Como comunicar adequadamente algo que tem um conteúdo técnico importante? Ninguém quer saber da mutualidade. Cada um quer saber do seu! Temos então de saber comunicar corretamente.

A campanha educativa que o sr. propõe se estenderá também aos agentes públicos, de governo e do Legislativo, que regulamentam e atuam no setor de seguros?
Sim, queremos deixar claro que o excesso de regras pode inviabilizar o sistema. O usuário acaba pagando mais por um seguro porque os custos de operação são crescentes, assim como novas obrigações atribuídas às seguradoras. Todos saem perdendo, as empresas e os usuários. No caso do seguro de saúde, por exemplo, não há como absorver o crescimento exponencial dos custos médico-hospitalares

Outra questão na seara governamental é o plano de saúde popular, com outros tipos de parâmetros nos serviços e nos contratos.
Voltamos à questão da crise. É preciso ver o que é estrutural e o que é conjuntural. Existe uma queda de poder aquisitivo e, em consequência desta mudança, surge uma necessidade de oferecer produtos que atendam a esta nova realidade. Esta é uma questão conjuntural. Quando se fala em seguro auto popular, o que se está querendo fazer é um seguro mais barato (para automóvel), em condições de atender com qualidade um consumidor que hoje está fora do nosso raio de ação.

A questão do seguro saúde popular é igual, só que este tem caráter estrutural e conjuntural. Estrutural porque fizeram uma lei que desconsidera as dificuldades enfrentadas pelo setor. A lei que regulamenta os planos de saúde foi criada há 18 anos e precisa ser revista.

A regra atual determina a cobertura de tudo, todos os medicamentos e materiais, incluindo os lançamentos do setor. Obrigatório incorporar também as novas tecnologias. O custo de operação é crescente e não há contrapartida para equilibrar isso.

Por que o sr. diz que a campanha Educação em Seguros é diferente de educação financeira?
Educação financeira é você conhecer os instrumentos financeiros disponíveis para adequar o fluxo de rendimentos para caber nesses ativos. E saber também qual é o seu apetite para risco.

Mas não é a mesma educação em seguro. É preciso, por exemplo, explicar o que é mutualismo.

Quando você contrata um seguro, você está contratando com um grupo de pessoas. O princípio é diluir risco. O seguro é fundado na seguinte situação: alguns precisam, outros não. Se todos precisassem, não daria certo. Se ninguém tivesse que acionar o seguro, não haveria razão para ele existir. Esta composição, entre aqueles que precisam ou não, cria o equilíbrio.

O segundo ensinamento é: cuide bem de seu seguro. Prevenção é muito importante. Quem não cuida da própria saúde tem mais chances de ficar doente. E isso vai aumentar o custo do seguro de saúde.

De certa maneira, é convencer as pessoas de que elas são sócias do plano de seguro que escolherem. Se fizerem o uso exagerado ou inadequado, se forem condescendentes com a fraude, acabam pagando por isso ao final da conta.
É isso. Mas como comunicar isso? São 21 ações. Livretos, cartilhas, guias, aplicativos, campanhas em mídias sociais e parcerias com instituições de ensino. Criamos ainda uma rádio on-line para nos aproximar do consumidor, com dicas sobre o mercado de seguros e a opinião de especialistas do setor.

É preciso esclarecer os fundamentos do seguro para melhorar a percepção do consumidor a respeito de tudo, desde a formação de preços até o atendimento.

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Raio x:
Marcio Serôa de Araujo Coriolano presidente da CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização)

Formação:
Bacharel em ciências econômicas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, é pós-graduado em planejamento pela Coordenação de Programas de Pós-Graduação em Engenharia (Coppe), da Universidade Federal do Rio de Janeiro

Carreira:
Superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados) – órgão do governo federal responsável pela regulamentação do setor de seguros no país – entre 1993 e 1996. Ingressou no Grupo Bradesco Seguros em 1997. É o atual presidente da Bradesco Saúde e da Mediservice.

 

Fonte: http://estudio.folha.uol.com.br/educacao-em-seguros/2016/10/1827514-e-preciso-um-choque-de-informacao-sobre-o-mercado-de-seguros.shtml

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